Em 2013 o autor Mario Vicenti foi contratado para escrever as memórias da Copacol em comemoração ao cinquentário. Além de ser a primeria cooperativa do Oeste paranaense, a cooperativa tem uma história de fé e persistência que começou com o padre italiano Luis Luise.
Desde o alvorecer dos tempos a realização de grandes feitos tem origem, em sua maioria, de uma necessidade coletiva. Comunidades, cidades e regiões surgiram e se desenvolveram a luz de um bem comum, quando o ser humano entendeu que, somente através da união seria possível melhorar a qualidade de vida, principalmente nos períodos de subsistência.
Essa premissa foi o marco do sistema cooperativista no mundo, quando no dia 21 de dezembro de 1844 a “Equitable Pioneers Society” abriu uma pequena venda na viela de Toad Lane, da cidade de Rochdale em Manchester na Inglaterra. Ao todo, 28 pessoas reuniram suas economias de alguns pences por semana, até conseguir a quantia de US$112,00. Com este modesto capital, adquiriram 23 kg de manteiga, 25 kg de açucar, 350 kg de farinha de trigo e aveia, 2 dúzias de velas e alugaram uma pequena sala comercial por US$ 29 dolares anuais. Em 12 meses de atividades, a Cooperativa faturou seis mil dólares pela determinação do trabalho cooperativo.
A ideia foi se alastrando pelos cinco continentes, tal qual a boa semente que, lançada na terra se fortalece para brotar a vida, criando raízes e dando forma a frondosa árvore que estenderá seus galhos sobre o solo, gerando a bondosa sombra e se multiplicando em milhares de frutos para assim repetir seu ciclo. No mesmo século, praticamente no final do império, o Brasil adotou o cooperativismo, que aos poucos tomou forma e se solidificou em todos os estados da federação.
E a fundação da Copacol no início da década de 60, seguiu aos preceitos do sistema, quando 32 bravos pioneiros uniram forças e dedicaram muito trabalho, sob a liderança de um padre italiano em Cafelândia, que na época era apenas uma vila distrital de Cascavel. Esta, com dez anos de emancipação administrativa firmou-se como a cidade mais desenvolvida da região, acenando como importante polo de desenvolvimento no Oeste do Paraná.
A privilegiada situação topográfica entre os vales do Piquiri e Iguaçu, a estrada internacional BR-35 (atual BR277), ligando Paranaguá a Assunção no Paraguai com traçado obrigatório por Cascavel, as grandes florestas de pinheiros e madeiras de lei, a agricultura e pecuária atraiam imigrantes de Santa Catarina, do Rio Grande do Sul e de outras regiões do Paraná para uma colonização próspera e atraente. Mas nem tudo brilhava a olhos vistos. Problemas de terras entre posseiros e grileiros por conta das áreas devolutas da União se arrastavam por décadas em muitas localidades do Oeste. Somavam-se a isso, os acessos precários entre as vilas e distritos pertencentes a Cascavel, a um dos mais graves problemas, a falta de energia elétrica. Cafelândia entre os pequenos distritos de Cascavel, era um dos que mais sofria por estar numa localização fora da artéria rodoviária regional.
A pequena vila Cafelândia, palco da criação da Copacol, permanecia no breu, além de quase incomunicável, cercada pelo resquício de mata nativa, que era extraída à medida que os colonos desenhavam um novo aspecto econômico, buscando a subsistência da família através da safra do porco e milho, com produção de arroz, feijão e café. As dificuldades eram muitas, mas sobrepujava a luta pela própria manutenção das terras em cima de posses e documentos definitivos, sem contar os escassos meios de transportes para locomoção até Cascavel, muitas vezes, feito pelas picadas e estreitos carreadores que serviam de estradas. E quando os agricultores conseguiam algum excedente na produção, faltava-lhes oportunidade de comercialização, ficando sempre limitados a procura única de poucos comerciantes que circulavam pela região aproveitando da sua boa fé.
Mas, esse cenário pernicioso estava prestes a mudar, quando voltava em cena na região, Luis Luise, o padre italiano muito querido em Cafelândia, que criou um grande vínculo de amizade quando morou em Cascavel, entre os anos de 1952 e 1953. Nesse período, o padre, que pertencia às missões da Consolata e chegou ao Brasil em 1946, ajudou a construir obras importantes na cidade, desde a urbanização, aeroporto, até lançar a pedra fundamental da nova igreja matriz. Foi nessa época que ele estabeleceu um grande vínculo de amizade com a comunidade cafelandense, onde rezou a primeira missa no dia 20 de junho de 1952, o dia da padroeira de Cafelândia, Nossa Senhora Consolata.
O livro está disponível aos associados e para pesquisa na Copacol em Cafelândia pelo link abaixo:

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