Primeiro livro do autor, publicado em 1987
Aos 25 anos, Mario Vicente fez sua primeira incursão no mundo literário ao publicar por conta e risco em 1987, o livro de poesias e crônicas, Natureza Clandestina com prefácio do escritor Ignácio de Loyola Brandão. O livro teve edição limitada no Oeste do Paraná, mais precisamente na sua terra Natal, Cascavel, onde também ajudou a criar, com outros literatas, o Movimento Literário Cascavelense – MOLICA.
Natureza clandestina é a expressão do jovem autor quando idealizava o amor, as amizades, a família, sociedade e o trabalho. Em suas crônicas com o conhecimento e vivência da época, logo após o fim da ditarua militar no Brasil, Mario clamava em sua voz solitária por mais harmonia do ser humano com a natureza e já previa essa ansiedade que pontua o mundo moderno, essencialmente digital.
O autor produziu a capa do livro, de forma, simples e intuitiva para resgatar o ser humano com os pés no chão e faz uma crítica contundente ao capitalismo e a ganância do querer estar mais do que apenas ser em uma de suas crônicas. São 80 poesias que tem, em algumas, ilsutrações da artista plástica Sandra Mara Leite nessa edição.
Na época, o autor vendeu seu Fiat 147 para pagar os custos da impressão de mil livros, que em sua inocência, conseguiria resgatar o dinheiro investido na obra. Mesmo com prejuízos, Mario tem orgulho de iniciar dessa maneira e não há arrependimentos, assim, como muitos autores famosos acabam rejeitam suas primeiras obras por diferentes motivos.
Além das poesias, crônicas e as ilustrações a nakin, o livro conta com o prefácio do consagrado autor, Ignácio de Loyola Brandão que deu grande incentivo ao Mario para seguir com sua voz na literatura.
Confira alguns textos do livro em destaque abaixo
UM DIA O AMOR
Um dia o amor
há de chegar
e estilhaçar de vez
uma ânsia incontida
explodindo em eterna paixão
essa emoção infinda
que por você espera.
Um dia deve acontecer
depois de um engano
outro desejo se faz crescer
que no meio de um beijo
e de um sentimento cigano
o próprio momento vai mostrar
o colorido abraço que nascer.
Um dia, quando então
o amor alcançar
cantarei! O correto verso do amor…
NATUREZA CLANDESTINA.
A natureza não é só a terra, a água, o sol, a lua,
o céu, a mata, o inverno, o verão, a chuva…
Mas o ser humano é uma natureza divina,
Uma pureza de essência, oriunda de sua existência
que cristaliza este universo.
O homem é a fatia maior de paraíso oculto
e ele mesmo se abandona e se perde
com suas próprias armadilhas,
sem buscar a razão de sua presença
neste minúsculo ponto em que reside.
Este espaço, que o homem conquista,
não é tão infinito quanto ao seu tamanho interior,
é medido pelo caráter acumulado, num convívio
entre o homem e si próprio.
Talvez, se as pessoas mostrassem seus sonhos
e não suas ambições materiais, e
se explorassem seus sentimentos omitidos
e aniquilados nos corredores do progresso,
se a união entre todos os povos
fosse apenas pelo amor de serem irmãos
e não por interesses incomuns, de uns
subirem o mais alto que seus objetivos,
enquanto muitos nem sequer
conseguem arrastar-se em seus próprios chãos.
Muito do mundo poderia ter outro sentido
se nós vivêssemos aquilo que nasce dentro de nós.

Vivo entre livros, escrita e narrativas. Apaixonado por viagens, vinhos e uma conversa despretenciosa. Siga-me nas redes sociais.